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Cairbar Schutel, o Bandeirante do Espiritismo

Pela Equipe de Comunicação e Marketing

“Os traços do Espiritismo que se encontram por toda parte, são como as inscrições e as medalhas antigas que atestam, através dos séculos, o movimento do espírito humano. As crenças populares, sem contradita, contêm os traços, ou melhor, os germes das ideias espíritas em todas as épocas e em todos os povos, mas misturadas a lendas supersticiosas, como o ouro das minas está misturado à ganga.” Setembro de 1868. Allan Kardec, Revista Espírita, Memórias de um Marido, de autoria do Sr. Fernand Duplessis.



Rio de Janeiro, 22 de setembro de 1868. Nasce Cairbar de Souza Schutel, um importante divulgador da Doutrina Espírita no Brasil, carinhosamente chamado de “O Bandeirante do Espiritismo”, aquele que ousou entrar no território impenetrável da religiosidade da época para remover a ganga [1], as impurezas que descaracterizavam as verdades latentes encrustadas na essência espiritual da população sertaneja do Brasil do início do século XX.


Órfão aos nove anos de idade, foi criado pelo avô paterno em um lar católico até a adolescência, quando abandonou os estudos acadêmicos, saiu de casa e foi trabalhar como prático em farmácia.


Aos dezessete, já respeitável profissional do ramo, boêmio, escutou de um médico aquilo que mudaria o rumo de sua vida: "Sua saúde está precaríssima e você numa encruzilhada: ou sai do Rio imediatamente ou encomende já seu túmulo, porque você se encontra a um passo da tuberculose! Saia já do Rio" [2]. Partiu, então, para o Estado de São Paulo, trabalhou em Piracicaba, Araraquara e, em 1869, foi para Matão, um vilarejo sem farmácia nem médico, sem capela nem padre.


Profissionalmente estabelecido como farmacêutico, Cairbar Schutel juntou-se a alguns novos confrades e ergueu a Capela do Bom Jesus de Matão. Fiel aos princípios católicos, ele fazia e pagava promessas em Aparecida do Norte, puxava procissões, era dado a erguer cruzes, onde alguém tivesse morrido, e era afeito à prática de benzimento de medalhas.


O adolescente rebelde era, contudo, um Espírito de nobres propósitos sociais: conseguiu elevar o lugarejo à condição de município, foi intendente, vereador e primeiro prefeito da cidade de Matão.


A orfandade precoce era um ponto de interrogação inexplicável em sua vida e nenhum padre respondia, satisfatoriamente, às suas necessidades mais íntimas. Já adulto, sonhava constantemente com seus pais; missas eram encomendadas para afastá-los e velas eram acesas para clarearem os caminhos dos mortos.


1904. Intrigado com os sonhos que o visitavam insistentemente, Cairbar Schutel procurou Calixto Prado e Quintiliano José Alves, que costumavam realizar sessões de tiptologia [3] e práticas espíritas domésticas na cidade de Matão. E, assim como aconteceu com Hipolyte Léon Denizard Rivail, surpresas, dúvidas, observações, reflexões, experimentos e constatações despertaram-no para as verdades espirituais.


As gangas que lhe ocultavam o ouro de uma fé racional foram, então, perjuradas. Nascia um sertanista, um pioneiro, um precursor determinado a cavar novos veios de luz encravados em terrenos áridos, porém, latentes, que viria a enfrentar perseguições, danos materiais e boicotes. Diante dele, esteve O Modelo e Guia da Humanidade.


“Injuriado, caluniado, ameaçado, agredido, vilipendiado, O Mestre, com a mesma serenidade com que proclamava às multidões a sua Palavra Redentora, enfrentava os seus terríveis adversários, exemplificando assim a sua sentença: ‘não temais os que matam o corpo e nada mais podem fazer’, confirmando assim que a vida não está na carne mas sim no espírito, e que sem a carne também podemos agir sem que as potestades e dominações terrestres nos prejudiquem ou nos atinjam.” [4]


1905. Fundou o primeiro núcleo espírita da cidade, lançou o jornal “O Clarim” e a “Casa Editora O Clarim”. Assim como Allan Kardec, travou duras batalhas contra os detratores que entravavam a divulgação da Doutrina Espírita nascente no Brasil. Casou-se com Maria Elvira da Silva e Lima, companheira dedicada que sempre o apoiou em sua missão.


1911. Publicou os livros “Espiritismo e Protestantismo” e “História e Fenômenos Psíquicos”.

1912. Fundou o “Centro Espírita Amantes da Pobreza” e o “Hospital de Caridade”.

1914. “O Diabo e a Igreja” e “O Batismo” e iniciou as visitas e atendimentos aos presos na Cadeia Pública de Matão.

1917. Instituiu visitas e passou a proferir palestras na Cadeia de Araraquara.

1918. “Interpretação Sintética do Apocalipse”, “Cartas a Esmo” e “Espiritismo para as Crianças”.

1923. “Médiuns e Mediunidades”.

1924. “Gênese da Alma”.

1925. “Materialismo e Espiritismo” e a “Revista Internacional de Espiritismo – RIE”.

1926. “Parábolas e Ensinos de Jesus” (peça em nossa livraria), e “Os Fatos Espíritas e as Forças X”.

1930. “O Espírito do Cristianismo”.

1932. “A Vida no Outro Mundo” e “Vida e Atos dos Apóstolos (prefácio)”.

1936 e 1937. Proferiu conferências radiofônicas pela Rádio Cultura PRD - 4, de Araraquara, escreveu crônicas para o “Correio Paulistano” e “Gazeta de Notícias” e lançou o livro “Conferências Radiofônicas”.

1938. “Quando se passa a vida no empenho de ideais nobres, a morte assume uma dignidade ímpar, e a devolução do corpo ao Criador nada mais é que o sono do Justo, o descanso aureolado do Servidor” [5].


"O Espiritismo proporcionando voos ao pensamento, nos eleva a um alto píncaro, donde desvendamos horizontes vastíssimos, que nos eram desconhecidos, ao mesmo tempo que nos mostra a nossa origem e o nosso destino, dando-nos posse da nossa individualidade imortal. Belíssima e consoladora Doutrina, ele se tornou a Esperança dos desiludidos da sorte, a Luz que nos ilumina as veredas do porvir, o lenitivo para todas as dores, a Fé robusta, que nos projeta, de olhos abertos, sustentando-nos com suas níveas asas nos abismos do Universo, onde a vida palpita, e as cores e sons se desdobram em paisagens e arabescos, deliciando-nos nas ascensões sucessivas para o Alto, para o Bem, para o Belo, para a Felicidade, para Deus." [6]


A Jesus,

“Senhor e Mestre, (...) estamos caminhando, Senhor, norteados pelo Espírito da Verdade, e esforçando-nos por não olhar para trás, nem deixar a charrua que lavra o terreno para mais farta messe. Continua a dispensar-nos Tua complacência e aceita os nossos melhores afetos, no culto de profundo respeito e alta veneração que Te devotamos. Roga sempre a Deus, Senhor, para que nos torne dignos das tuas Promessas!” [7]




[1] Matéria mineral rochosa ou terrosa inútil, que ocorre com o minério metálico ou outros minérios valiosos de um filão ou jazida (Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa Michaelis).

[2] “O Bandeirante do Espiritismo”, Wilson Garcia & Eduardo Carvalho Monteiro.

[3] Linguagem de pancadas ou batimentos; modo de comunicações dos Espíritos. (KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns (peça em nossa livraria). Capítulo 32: Vocabulário Espírita).

[4] “O Espírito do Cristianismo”, Cairbar Schutel.

[5] “O Bandeirante do Espiritismo”, Wilson Garcia & Eduardo Carvalho Monteiro.

[6] “Conferências Radiofônicas”, Primeira Conferência.

[7] “O Espírito do Cristianismo”, prefácio, Cairbar Schutel.





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